Bicho de Rua

Dalila virou estrelinha...

Divido com vocês, que amam os animais, a minha homenagem a esta companheira que me adotou e cuidou de mim nos últimos 14 anos.

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Divido com vocês, que amam os animais, a minha homenagem a esta companheira que me adotou e cuidou de mim nos últimos 14 anos.
Queridos amigos,

É com o coração partido em milhões de pedacinhos que eu comunico que a minha Dalila partiu. Ela estava comigo há 14 anos e me acompanhou em alguns dos meus momentos mais difíceis. Foi meu amparo. Não fui eu que cuidei dela. A mais pura verdade é que foi ela quem cuidou de mim.

Foi por causa da minha Dalila que eu me envolvi com a causa animal. Antes da Dalila eu via, mas não enxergava. Ouvia, mas não escutava. Estava imersa em mim mesma, nos meus problemas e nas minhas ambições. A Dalila me humanizou. Ou melhor, ela me animalizou.

Somente animalizada é que comecei a perceber que o verdadeiro valor da vida não está no simples fato de se estar vivo, mas naquilo que fazemos com o tempo que temos aqui. Viver somente para si mesmo diminui o valor da nossa vida. Viver para o mundo, apaixonar-se pela vida a tal ponto de não conseguir mais distinguir diferenças consideráveis entre nós e os animais, nós e o planeta... mergulhar na vida ao ponto de não suportar mais ver ela ser ameaçada, destruída e não fazer nada.

Foi essa consciência que a Dalila me deu. E me deu mais. Deu-me algo que eu não consegui retribuir. Nós, os humanos não somos tão evoluídos assim. Ela me deu amor incondicional.

O amor humano é puro como o amor sempre é, mas ele cria dívidas. Raríssimas são as pessoas capazes de amar sem cobrar algo em troca. No mundo humano, amor com amor se paga. Os animais amam um amor que não cria dívidas. Nem mesmo dívida de gratidão.
Eles nos amam e partem sem deixar nenhum senão. A minha “pique” me amou assim e, sinceramente, não sei bem como lidar com a falta disso.



14 anos passaram correndo. A Dalila nunca adoeceu, nunca me causou preocupação. Dormia comigo na minha barriga no inverno. Buscava o quentinho do meu peito quando víamos televisão. Esperava-me na porta. Chamava-me para brincar de madrugada ou para reclamar da falta de ração no pratinho. A Dalila adorava assustar veterinários. Vi ela dar surras em diversos. Somente a vet Suzana conseguiu examiná-la sem arranhões. O motivo? A vet Suzana teve que vir aqui em casa e ser examinada antes, claro!

A Dalila também sempre foi mais sábia do que eu. Quando ela era bem jovem, e antes de eu saber sobre os gatinhos abandonados, tentei fazê-la ter filhotes. Tinham me dito que era importante que a gata tivesse pelo menos uma cria. Pois bem, levei a “pique” para cruzar com um gatão famoso pelas suas aventuras amorosas. A Dalila bateu tanto no gato que ele desistiu de “afair”. Nunca mais tentei fazer ela ter uma cria. :D

Ela era ciumenta também. Quando o Delmar veio morar conosco ela fazia pipi nas roupas dele em protesto. Quando o Dioser veio, ela resolveu radicalizar e fazia cocos bem fedorentos e cuidadosamente esculpidos no meio a cama dele.

A Dalila virou estrelinha hoje, dia 13/08/2011 por volta das 13h e o meu coração está partido. Foi sem dor, sem grandes sobressaltos. Saiu da minha vida com a mesma serenidade com que entrou. Saiu amada, profundamente amada, do meu amor imperfeito, todo atrapalhado, meu amor humano que não deixa as minhas lágrimas secarem, que não quer aceitar o vazio que ficou ...

Lembro agora de quando a Marininha, minha sobrinha, veio nos visitar há alguns anos. Dalila subiu num armário alto para fugir dos abraços... Marina, pequena, sentada no sofá ao meu lado dizia para a fera lá no alto:

- Dalila vem cá, eu te amo. Vem cá Dalila, vem brincar comigo...


Dalila deve estar brincando com São Francisco agora. Que ciúmes de São Francisco.



Por Sônia Grisolia – 13/08/2011


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