Bicho de Rua

A triste história dos gatos da Veríssimo Rosa

Num balanço da tragédia, encontramos nove gatos mortos: um a pedradas, outro com ferimentos de uma briga com um cachorro, um atropelado e cinco envenenados. Não dá para descrever o que sentimos.

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Num balanço da tragédia, encontramos nove gatos mortos: um a pedradas, outro com ferimentos de uma briga com um cachorro, um atropelado e cinco envenenados. Não dá para descrever o que sentimos.

(Texto escrito pela Protetora Irena Hoffmann - irenaxh@terra.com.br)

Há pouco mais de um ano fui procurada por uma amiga e ex-vizinha, Maria Isabel, para ajudar no resgate de vários gatos numa casa da Rua Veríssimo Rosa, no bairro Partenon, Porto Alegre, RS. As informações que recebemos na época é que ali vivia uma senhora, de idade, que tinha cerca de quatro ou cinco gatos, seus, vivendo com ela nesta casa. A senhora acabou ficando doente e a família a levou da casa, juntamente com toda a mobília, deixando os gatos abandonados à própria sorte. Nossa intenção sempre foi retirá-los do local e conseguir um lar para eles, pois eram gatos mansos e que como já tinham tido uma dona poderiam se adaptar em uma nova família. No início, alguns vizinhos se mostraram compreensivos e até uma senhora da casa ao lado, que tinha a chave do cadeado do portão, nos permitia alimentar os gatos no jardim da casa abandonada.

Com o tempo passamos a receber críticas de outros moradores da rua que queriam que a gente “tirasse logo” os gatos dali. É lógico que nós também queríamos isto. Não desejávamos que eles ficassem passando fome, sede, frio e expostos a vários perigos e ainda mais com a insatisfação de moradores que não queriam compreender que o resgate de um animal assustado É DIFÍCIL. Eles não se deixam capturar. Precisamos utilizar de vários métodos para poder resgatá-los, muitos deles estressantes para o animal. E não é só isso. Precisamos castrá-los e encontrar casa de passagem ou alojamento para que eles fiquem até encontrar um novo lar. Tudo isto tem um custo. Sem falar no tempo que se passa tentando pegá-los. Mas ninguém entende isto...

Para piorar a situação, além dos que foram abandonados pela família da senhora, passaram a abandonar outros neste terreno, vendo que ali já havia alguns. Acabamos num total de quase 20 gatos. Não sabíamos por onde começar. Queríamos resgatar os gatos da senhora primeiro, porque apesar de estarem assustados e se tornando ariscos, eram, ainda assim, os mais mansos e com uma possibilidade de adoção maior. Queríamos resgatar as fêmeas, para evitar a procriação. Queríamos resgatar os pretos porque são vítimas de muito preconceito e mortos em rituais religiosos. Aos poucos conseguimos pegar alguns. Esses tiveram sorte.

Entretanto, alguém desta rua não teve paciência de esperar que a gente conseguisse salvá-los. Ouvimos queixas do mau cheiro do local (ninguém nunca se queixou para a família da moradora, que também nunca se preocupou com a situação dos gatos e nem com a do imóvel). Os gatos, obviamente, viviam em condições precárias, sendo que na medida do possível procurávamos limpar o local aonde conseguíamos ter acesso, mas com 20 gatos não é fácil.

Além do mais, a casa por estar abandonada, foi invadida por marginais, traficantes e assassinos, sendo que um deles matou um dos gatos com uma pedrada . Estes marginais dormiam, comiam e urinavam pela casa, mas os gatos é que levavam a culpa do mau cheiro. Passamos a ter ainda mais dificuldade de resgatá-los, porque à noite o local ficava mais tranqüilo e os gatos se mostravam mais calmos, mas era quando os marginais iam se refugiar na casa e não havia a menor condição de irmos, duas mulheres, capturar gatos numa rua escura, num local tomado de bandidos, a menos que quiséssemos ser mortas.

Um dia, chegamos ao local para alimentá-los e percebemos a falta de alguns. Ao procurarmos pelas vasilhas de alimento que tínhamos deixado na véspera, vimos que havia veneno em várias. Num balanço total da tragédia, acabamos encontrando nove gatos mortos: um a pedradas (por um marginal que invadiu a casa), outro com ferimentos que indicavam que tinha brigado com outro animal (provavelmente um cachorro), um atropelado e cinco envenenados.

Não dá para descrever o que a gente sentiu. Só mesmo um monstro asqueroso pode ter coragem de fazer algo assim. Depois disso, procuramos retirar todos os que restaram, o mais rápido possível. Ainda assim ficaram dois, que devido às invasões dos marginais, passaram a se refugiar, no térreo de um prédio, próximo desta casa, indo e vindo de um terreno para o outro. A síndica nos deu apoio para tentar capturá-los lá, mas parece que moradores do prédio não gostaram da idéia. Seguidamente os potes de comida e água estavam virados e mesmo com a arapuca não conseguimos pegá-los. Eles já estavam mais mansos e era uma questão de dias para conseguirmos resgatá-los. Mas infelizmente, no final de semana de 25/26 de setembro, estes também foram envenenados. Quando a Isabel chegou ao local um já tinha morrido e o outro estava agonizando. Mesmo tendo sido socorrido, não sobreviveu.

Vamos recorrer às autoridades porque matar animais é crime, conforme previsto em lei. E não precisa ter um pingo de inteligência para saber que ALGUÉM FEZ ISTO. Os gatos não se envenenaram sozinhos. Contamos com o empenho das autoridades para descobrir quem cometeu este crime e vamos fazer de tudo para que esta pessoa não fique impune.

Peço a todos os protetores que não se intimidem e procurem a polícia para registrar ocorrência quando tal brutalidade ocorrer , sendo indispensável o laudo ou atestado do veterinário de que o animal foi envenenado, pois é prova material do crime.

Muitas ONGS tem se empenhado na adoção responsável e na castração como forma de evitar a superpopulação, mas só isto não está sendo suficiente. Pedimos a colaboração de todos para que massacres assim não fiquem no anonimato. Precisamos nos preocupar, de uma forma especial, com os animais que vivem nas ruas e que não conseguem ser resgatados, pois estes, mais do que todos, precisam encontrar uma forma de sobreviver aos perigos e, principalmente, às pessoas. Não desanimem achando que nada vai acontecer aos que cometem tais crimes. “Ah, ninguém vai pra cadeia por envenenar um gato...”. Pode até ser que não vá. Mas havendo condenação pela Justiça, a pessoa perde a condição de réu primário e isto, com certeza, traz conseqüências.

Agradeço a todas as pessoas que fizeram circular esta nota, aos que tem respeito pela vida e que, de alguma forma, querem trazer um pouco de paz a este mundo que nós, seres humanos, com certeza, estamos transformando num inferno.

Nota da redação: quando recebemos denúncias assim, o coração de todos aqueles que amam os animais aperta e é impossível que os olhos não fiquem marejados. Mas o pior sentimento vem logo depois: vergonha da nossa espécie que, por ser mais “inteligente”, deveria proteger e reverenciar o milagre da vida em todas as suas formas.

A única maneira de redimirmos o ser humano perante a Mãe Natureza é mostrando que nem todos são iguais. Os que se importam existem e não ficaremos calados. Faça esta denúncia circular.

Clique no link abaixo para ver a lei que protege os animais dos maus-tratos.

 


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